Domus Petra

Há uma luz no fim do túnel, e provavelmente é um trem!

Há uma luz no fim do túnel, e provavelmente é um trem!

Há uma luz no fim do túnel e provavelmente é um trem.

Analisando os indicadores econômicos, as decisões e medidas do governo nos últimos anos, e considerando a complexidade das alternativas que poderiam efetivamente trazer solução, pode-se afirmar que estamos “num beco sem saída”.

Não se trata de imprimir uma visão pessimista de forma irresponsável, mas de observar com clareza e objetividade uma realidade dura e triste, já anunciada. Já era sabido que os “remédios” adotados pelos últimos governos não eram sustentáveis. Era sabido também que deveríamos ter investido em infraestrutura de base como, energia, portos e rodovias. E também era sabido um pouco mais recentemente que haveria a necessidade de ajustes fiscais, e que passaríamos por fortes turbulências. Não há nada de muito novo aqui.

Ao mesmo tempo vivemos um momento histórico de um “desvelar” de grandes esquemas de corrupção, que em partes tem sido levado a cabo pelas tecnologias de informação e até mesmo por uma maior maturidade em nossa democracia. A questão da corrupção é seríssima. Mas seria uma leviandade atribuir os problemas econômicos do momento exclusivamente às questões de corrupção, como muitas vezes somos seduzidos a supor. Que isso tem impacto, não há dúvida.

A grande questão aqui, e que acaba sendo minimizada ou camuflada pelos constantes escândalos, é que nossos problemas são muito maiores, estruturais e de difícil resolução. Nosso modo de operação, sistemas e processos são absurdamente ineficientes e ultrapassados, e paralelo a isso temos uma cultura de procrastinação implantada que nos paralisa. Em linguagem popular diríamos “o buraco é bem mais embaixo”.

Alguns dos exemplos importantes que precisamos tratar, dentre tantos outros, são:

- Excesso de burocracia em todos os setores e instituições, em que os fluxos e processos são complexos, demorados e contém uma absurda quantidade de desperdícios. A burocracia excessiva, além dos atrasos e perdas naturais que gera, escancara o “portão” para todo o tipo de corrupção e desvios de conduta;

- CLT obsoleta e incompatível com a realidade macroeconômica e social: Nossa CLT é de 1943, e muito provavelmente foi inspirada no modelo Italiano de Mussolini. Independentemente da idade e de viés socialista ou não, é fato que é incompatível e inviável para qualquer modelo econômico globalizado e que depende de competitividade no cenário mundial;

- Ausência de um modelo de gestão no governo. Muitas vezes se fala que o modelo de gestão do governo é ruim, mas o problema é mais grave do que isso. Simplesmente não há um modelo de gestão implantado. Não existe um plano de governo voltado para o desenvolvimento do país, de longo prazo, com ações estruturadas. O que temos são algumas poucas iniciativas isoladas e na esfera federal o que há, nitidamente, é um plano de poder. Esse é, provavelmente, um dos cernes dos problemas em nosso país;

- Desperdícios e ineficiência. Até como consequência da falta de um modelo de gestão e do excesso de burocracia, encontramos desperdícios de recursos de toda natureza e dimensão. Como o Estado é excessivamente grande e inchado, toda a ineficiência do processo e os desperdícios acabam sendo maximizados, gerando um rombo nas contas. E na contramão da lógica, o governo vem nos últimos anos aumentando de tamanho tornando todo o sistema mais pesado e inviável economicamente;

É evidente que existem outras questões tão ou mais importantes do que essas listadas. A intenção aqui é trazer para a reflexão que não devemos atuar somente no que é pontual. É preciso repensar o modelo como um todo. E isso dá muito trabalho, é complexo e lento, e infelizmente não dá voto.

Estamos “num mato sem cachorro”. O atual governo já provou que não tem vontade nem competência para fazer o que se precisa. A oposição... bem, existe oposição? O povo, esse gigante, adormeceu novamente.

O que nos resta? Por enquanto, a assustadora luz no fim do túnel...