Era uma vez, um Brasil, no século XXI.
Muito provavelmente, se nada fizermos, daqui a alguns séculos nossos descendentes lerão histórias como essa a nosso respeito:
“Em uma grande nação chamada Brasil, rica em recursos naturais e de território continental, por volta do século XXI viviam aproximadamente duzentos milhões de pessoas. Esse povo, mundialmente conhecido por sua alegria, criatividade e bom humor tinha algumas características bastante peculiares e de difícil compreensão.
Em meio aos mais diversos grupos étnicos, sociais e culturais, destacavam-se dois importantes grupos, muito distintos, mas presentes em todas as partes do país.
O primeiro grupo, maioria absoluta da nação, era formado por cidadãos comuns, trabalhadores, e pessoas de bem. Esse grupo, denominado povo, trabalhava uma media de oito horas por dia, por pelo menos cinco dias em cada semana, e era responsável pela geração de toda a riqueza do país. Como recompensa recebiam modestos salários, e nos melhores casos alguns benefícios, o que lhes permitia sobreviver de forma razoável. Esses eram fadados a trabalhar por pelo menos trinta e cinco anos nessas condições, para só então passar a receber a tão sonhada aposentadoria, que por fim era ainda menor que o salário nominal.
O segundo grupo, pequena minoria, não gerava riqueza. Eles eram escolhidos de forma democrática para, supostamente, administrar as riquezas geradas pelo povo, visando o bem comum. Essa elite, assim conhecidos, era formada principalmente por políticos e parlamentares. Curiosamente, logo após assumir o poder eles passavam a legislar em causa própria, esquecendo-se de suas origens e dos propósitos pelos quais foram, pelo povo, eleitos.
A elite usufruía de enormes privilégios, regalias e proteções. Eles trabalhavam umas poucas horas por dia e, quando muito, três ou quatro dias por semana. Em contrapartida recebiam elevadíssimos salários, muitos benefícios e os mais variados tipos de bônus e gratificações. Como se não bastasse, essa minoria já abastada, passava a receber uma polpuda aposentadoria com apenas oito anos de “trabalho”, podendo incrementá-la a cada novo mandato.
A vida seguia. De um lado a elite, ocupada em criar novos artifícios para ganhar cada vez mais, trabalhar menos, e se perpetuar no poder. E do outro, tal qual um elefante de circo ignorante da sua força, estava o povo, acomodado e entretido com assistencialismo barato, mediocridades devidamente manipuladas pela televisão, entre outras banalidades.
E assim, por mais ridícula, injusta e patética pareça ser essa história, o Brasil sobrevivia, pacificamente, em relativa harmonia e ‘felizes para sempre’. Fim!”
O final dessa história poderá ser muito diferente.
Depende de mim, de você, de cada um de nós!
Fabiano Dell Agnolo.