Domus Petra

O Sonho não acabou!

O Sonho não acabou!

Esses são tempos de evidente descontentamento da população frente ao rumo que o país tem tomado, e segue. O que mais incomoda são as ações dos governantes, desde pequenas decisões equivocadas até os mais absurdos atos de corrupção.

Paralelamente temos uma população que, em sua maioria absoluta, não questiona, não reage e simplesmente “toca a vida” de maneira permissiva e apática, limitando-se apenas a reclamar nas redes sociais, nas rodas de amigos ou qualquer encontro corriqueiro. Nada além disso!

Nossos problemas enquanto nação são gigantes, estruturais e de difícil solução. As alternativas são limitadas e requerem decisões complexas, muita vontade política e principalmente alto esforço dos indivíduos. Em um país continental, multicultural e com sérios problemas sociais é no mínimo ingenuidade pensar que alguma pessoa ou governo conseguiria resolver a equação em curto espaço de tempo.

A grande sacada está na mudança de direção, de rumo. E isso se faz gradativamente, com firmeza de propósito e certamente com clareza de onde se quer chegar. Tal qual um navio de grande porte, que não se consegue alterar imediatamente de rota, não seria eficiente nem factível muitas mudanças ao mesmo tempo. É necessário pensar em longo prazo, mas com tomadas de ação imediatas, para que o processo de reversão se inicie.

A primeira tomada de ação imediata e fundamental deve ser o investimento na educação. Não há desenvolvimento nem melhora na eficiência sem capacitação, sem qualificação. E não só referente ao ensino de ordem técnica ou de níveis mais elevados, isso também, mas principalmente ensino de qualidade nos níveis fundamentais.

Pioramos drasticamente nesse quesito. Embora alguns indicadores “manipulados” tentem mostrar o contrário, os resultados qualitativos são desastrosos. Empresas de todos os setores sofrem ao contratar jovens para o trabalho e se deparam com verdadeiros analfabetos funcionais, gente diplomada que tem dificuldade em fazer uma “regra de três” ou não consegue redigir uma frase sem “assassinar” o português, por exemplo.  

Em tempos em que o governo se limita a tomar ações populistas com nítida intenção de perpetuação no poder, o processo de mudança terá que surgir de outro canal. Há uma frase bem conhecida de Jô Soares, que fala o seguinte: “O maior inimigo de um governo é um povo culto”. E pensando dessa forma, não é de se estranhar que governos corruptos e mal intencionados invistam cada vez menos em educação, principalmente de boa qualidade. Triste sim, mas é ledo engano esperar que o governo tome as providências necessárias para que o povo seja mais instruído, educado e inteligente. “Forget it!

Pois é, até aqui nada de novo. É quase senso comum essa percepção da necessidade de melhoria na educação, como também é perceptível que nossos governantes não estão lá muito preocupados com isso. Então, o que fazer? 

Uma das saídas é a mudança de comportamento dos indivíduos. Não é fácil. Mas cabe ao cidadão de bem estudar mais, instruir-se, buscar informação de qualidade, raciocinar mais e desenvolver sua inteligência. E ao fazê-lo incentivar e influenciar outros, que não têm automotivação, mas que com um “empurrãozinho acabam pegando no tranco”.

Existem inúmeras alternativas de capacitação disponíveis e de qualidade, inclusive sem custos. Recentemente compartilhei nas redes sociais uma lista de cursos gratuitos, online, com professores de primeira linha da USP. E como esses, existem tantos outros. Para não ficar apenas no “curti e compartilhei” iniciei um dos cursos, e está sendo espetacular a experiência, com direito a diploma e tudo. Pena que, apesar da insistência no assunto, pouca gente “curtiu” a ideia.

Por essas e outras, acho que o que tem faltado mesmo gente, é vontade. Tem faltado brio, coragem e atitude para irmos à luta e iniciarmos o processo de mudança que tanto queremos.

A maior parte da população fica à mercê de que o governo melhore, que resolva todos os problemas, que cumpra as promessas de campanha, blá, blá, blá...

Outra parte (minoria) até tem clareza de que não adianta esperar, mas se limita a reclamar e maldizer. Uma outra parcela (ainda menor) que tem abandonado o país, ou planeja fazê-lo em busca de uma vida melhor, mais justa, mais digna, enfim. Mas há ainda uma pequena turma, persistente, guerreira, que não “arreda o pé” e que está tentando fazer a diferença. A grande pergunta é, em qual grupo você se encaixa?

Como um brasileiro apaixonado por essa terra e por esse povo, reluto em desistir, em deixar de acreditar em nossa gente. Não é possível que o Brasil, esse gigante adormecido, país do futuro e cheio de potencial, permaneça ad eternum nessa mesmice de malandragens e desvios de conduta, nessa lama de corruptelas em todos os níveis e instâncias. Não é possível que sucumbiremos a uma geração de preguiçosos intelectuais, e de fato. Não é possível, minha gente, que estamos fadados a se contentar com uma qualidade de vida nanica e com esse desenvolvimento humano raquítico.

Cada cidadão pode sim buscar por sua própria conta obter mais instrução, conhecimento e leitura de qualidade. A informação e os meios estão disponíveis, a inteligência (capacidade de raciocínio) é nata do ser humano. O que falta então? Novamente: Força de vontade, firmeza de propósito, coragem e atitude.

E se você é um desses que ainda acredita, que tem amor à pátria, e sonha em ver o lema “Ordem e Progresso” da nossa bandeira, colocado na prática, te convido a manter firme o propósito, e acender ainda mais a chama desse processo de mudança.

A única pessoa que eu consigo mudar de fato é eu mesmo, assim como você só consegue mudar a si próprio. Liderança se faz é com exemplos, não com discursos vazios.

Então, façamos as mudanças rumo a evolução, a melhoria e desenvolvimento primeiramente em nossa vida pessoal. E com atitudes e exemplos fortes, influenciemos positivamente aqueles que nos cercam. Há muito o que se fazer. Muito mesmo! Esse é um dos primeiros passos de uma longa jornada.

Talvez essas linhas não façam eco. Talvez eu seja mais um mero sonhador, ingênuo e iludido. Talvez!

Mas para mim o sonho ainda não acabou! E para você?

 

Fabiano Dell Agnolo - Domus Petra